GESTÃO E AUDITORIAS AMBIENTAIS
AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL
DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DE SERRA PELADA
Autor: Miguel Cassiano da Silva Serrão
Mestrando em Gestão e Auditorias Ambientais e, em Energias Renováveis - UNINI - Puerto Rico
A “EMPRESA FÚRIA” E O “PROJETO POVO”
Nota:
Neste
caso prático, a “Empresa Fúria” é uma empresa fictosa e, todas as ações e
atividades do “projeto povo” são hipotéticas, porém, com base em fatos reais
ocorridos no Brasil durante a época de 1980 a 1990, na localidade de Serra
Pelada, no estado do Pará, Brasil, conforme referências bibliográficas à
disposição dos interessados para comprovar verossimilhanças.
Fase
1 - A “Empresa Fúria”, responsável pelo “Projeto Povo” - “Extração de Ouro em
Serra Pelada”, tinha por especialidade a lavra garimpeira e por finalidade, a
extração do ouro de Serra Pelada (atualmente conhecida como Curionópolis) no
estado do Pará, Brasil, tendo iniciado suas atividades pelos períodos
compreendidos entre 1980 a 1990. Nessa época, Serra Pelada era apenas uma
colina de 100m de altura (ver Figura 1), onde, da noite para o dia Serra Pelada
foi invadida e a colina dividida, toda, em áreas de 2m x 2m e 2m x 3m (conforme
Figura 2), quando a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) Chegou, era tarde demais
para frear a “empresa fúria” e seu famigerado “projeto povo”.
Figura
1: Serra Pelada era apenas uma Colina de 100m de altura.
Figura
2: Serra Pelada, a colina invadida e dividida em áreas de 2m x 2m e 2m x 3m.
Durante
todo esse período, a “empresa fúria” realizou a atividade
atribuída no ANEXO I Atividades ou Empreendimentos Sujeitos ao Licenciamento
Ambiental Extração e Tratamento de Minerais, na modalidade
Lavra Garimpeira, constante da Resolução
CONAMA 237/1997, que, dispõe sobre as etapas
obrigatórias para licenciamento ambiental e atividades afins, etc. Contudo, tais
etapas de exigências legais, não foram acatadas por
tal “Empresa”, permanecendo essa e a ação do “projeto povo”, considerada como
atividade irregular e ilegal. O “projeto povo” foi posto em atividade durante
10 anos intercalados, onde, por várias vezes o garimpo foi fechado, por
questões óbvias. Nesse ínterim de tempo, houve “contratações” de 30.000 a 100.000 garimpeiros (consoante Figura 3) e, entre essas contratações, incluíram pessoas da localidade e migrantes,
que trabalharam no “projeto povo”, conseguindo extrair ao longo dos anos, aproximadamente
56 toneladas de ouro do garimpo de Serra
Pelada, valor estipulado hoje, em
R$15.500.800.000,00.
Figura 3: Contratações de 30.000 a 100.000 garimpeiros pelo
“projeto povo”.
O regime
de trabalho adotado no garimpo, era análogo a
escravidão. Os
trabalhadores não tinham equipamentos de proteção individual (EPI), usavam de
pás e picaretas para cavar o solo e quebrar as rochas e transformar em
cascalhos, que logo eram transportados em sacos de 35 kg, por vários homens,
que carregavam nas costas, subindo por escadas de madeiras conhecidas por
“adeus mamãe” (ver Figura 4), que, sem haver segurança e por altura com mais de
150 metros de distância, onde, em muitas das vezes, essas escadas não resistiam
pelo excesso de massa dos vários homens e se quebravam, causando acidentes de
trabalhos fatais com óbitos, e inclusive, com soterramentos de "pessoas vivas",
principalmente quando ocorriam desbarrancamentos. Era “um Deus nos acuda”! E,
adeus mamãe!
Figura 4: Escada “adeus mamãe”, causadora de muitos acidentes e
óbitos em Serra Pelada.
No garimpo, só trabalhavam homens, que moravam em barracas rústicas cobertas com lona plástica e não havia fossas sanitárias, onde, milhares evacuavam ao ar livre. Quando esquentava: os “urubus desciam”! Os garimpeiros contratados trabalhavam mais de 12 horas por dia, perfurando cada vez mais e mais, em busca do tão cobiçado metal dourado. Era a febre do ouro (Au)! Trabalhavam direto na lama feitos “porcos” (vide Figura 5), sob o sol causticante e sem proteção alguma. A empresa não se importava com o bem estar e segurança do trabalhador: queria mesmo era o ouro, a todo custo! Não existiam normas de segurança do trabalho e nem CIPA, no local, nem tão pouco prevenção ou formas de mitigar os impactos ambientais causados pela ação do “projeto povo”. Ocorreram vários acidentes de trabalho com óbitos... Não havia preocupação com o meio ambiente ou forma de proteger os trabalhadores. Tudo corria frouxo. Tudo era permitido. Os trabalhadores eram expostos ao risco de contaminação por mercúrio (Hg) quando em contato com o mesmo (conforme Figura 6), onde o mercúrio era aplicado livremente para separar o ouro dos cascalhos de pedras, e por conseguinte, era exposto ao fogo em chapas metálicas, objetivando-se evaporar o mercúrio, para restar apenas o ouro. E dessa maneira acontecia a contaminação do solo, ar, água, rios, lençóis freáticos, pessoas, fauna, flora e biodiversidade, sem nenhuma preocupação quanto ao despejar dos resíduos sólidos do mercúrio in natura, diretamente nas águas dos rios. Não havia controle algum sobre os riscos e danos residuais e ambientais.
Figura
5: Garimpeiros trabalhavam feitos porcos na lama e sob sol causticante.
Fonte: Hipercultura
(2020). Foto: Rudh Böhm.
Figura 6: Trabalhadores
eram expostos ao risco de contaminação por mercúrio (Hg) estando em contato
direto com o mesmo contaminando os rios e o meio ambiente.
A
“empresa fúria”, estava a todo vapor com o “projeto povo” nas escavações e,
Serra Pelada era idêntica a um formigueiro humano. O trabalho era levado direto
e não havia sábados, domingos ou feriados. Por várias vezes o garimpo foi
fechado: pela intervenção do governo federal na ditadura militar, pela
exigência da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) requerendo a “área que
considerava sua”, e ora pelo exército, e por fim, foi fechada pelos próprios
garimpeiros, ao atingirem nas escavações os lençóis freáticos, com a perfuração
desenfreada na profundidade de 200m. Com esse acontecimento, o nível da água
começou a subir, impedindo dessa maneira de continuarem com as escavações,
parando as extrações de ouro. De um instante para o outro, Milhares de homens
ficaram desempregados e de bolsos vazios, pois: todo o ouro que conseguiam,
esbanjavam desequilibradamente com mulheres, bebidas e farras... Contudo,
viveram vida de milionários (avistado na Figura 7), bamburrados (muito ouro)!
Figura 7: Garimpeiros viveram vida de milionários, bamburrados!
Houve
momentos de apoio do governo federal para evitar as contendas e evitar o pior
no garimpo, enviando Cobal (Companhia Brasileira de Alimentação), Correios e
telégrafos, Polícia Federal e Militar, equipes médicas e postos de saúdes, e
até a Caixa Econômica Federal (CEF) que tinha por objetivo e responsabilidade a
compra de todo o ouro extraído no local e encaminhar ao “Banco Central do
Brasil” etc. A fúria do povo era tanta, que, durante a década de execução do
“projeto povo” pela “empresa fúria, utilizando-se da força física bruta dos
garimpeiros: Invadiram a Serra Pelada e rebaixaram a colina de 100m de altura;
usaram apenas de pás e picaretas e conseguiram perfurar o solo abaixo até
encontrar os lençóis freáticos; conseguiram transformar a Serra Pelada em uma
cratera com mais de 200m de profundidade que virou um enorme lago totalmente
contaminado por mercúrio (Hg) (vide Figura 8), resultando com as ações de
destruição do meio ambiente e elevadíssimos impactos ambientais.
Figura 8: Vista total do lago da cava do garimpo de Serra Pelada, em 2017, onde anteriormente ficava a colina de Serra Pelada, o mais importante acidente geográfico do município. Hoje, é apenas um lago com 200m de profundidade e totalmente contaminado por mercúrio (Hg).
Portanto,
as atividades da “Empresa Fúria” foram clandestinas; resultaram em altíssimos
impactos ambientais; cometeram várias irregularidades; não houve prevenção para
amenizar os impactos ambientais e, ao extrair 56 Toneladas de ouro, que sumiu,
assim como Serra Pelada, não tiveram a menor preocupação com a presente e
futura geração, fazendo-se desaparecer para sempre, a
montanha de ouro de Serra Pelada, tão bem retratada no vídeo documentário de
Victor Lopes: Victor Lopes. (2020, 11 de abril). Serra Pelada A Lenda da
Montanha de Ouro [Arquivo de vídeo]. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=mSDh86t2nG0&feature=emb_logo
Deixado como sugestão para assistir.
Adiante neste caso de Avaliação do Impacto
Ambiental (AIA), verificaremos através da Tabela 1 da Matriz de Leopold, o grau
de magnitude e importância do impacto ambiental, causada pelas atividades da
“empresa fúria” e ações do “projeto povo” - extração de ouro em Serra Pelada.
Nome
do “projeto”
“Empresa
Fúria”, responsável pelo “Projeto” “Povo” – “Extração de ouro em Serra Pelada”,
tendo Iniciado suas atividades de lavra garimpeira sem licenciamento ambiental
e de forma ilegal, desde 1980 até 1990, de forma intercalada, na localidade
Serra Pelada (hoje conhecida como Curionópolis) no estado do Pará, Brasil.
Localização
e superfície
O “garimpo
de Serra Pelada”, localiza-se no Município de Marabá, no Sul do Estado do Pará,
distando 85 km em linha reta da cidade sede do município. São as coordenadas
geográficas do garimpo: 05° 66’ 19" de latitude sul e 49° 39’ 55" de
longitude oeste. O acesso rodoviário é feito inicialmente pela rodovia PA-150,
e após percorridos 72 km, toma-se a PA-275 até o km 16, quando então o acesso
passa a ser feito por estrada vicinal a direita, que demanda ao garimpo
(observar Figura 9). Por via aérea o acesso é feito por aviões mono ou bimotores
com duração média de voo de 20 minutos a partir de Marabá. Marabá dispõe de
aeroporto servido de linhas aéreas regionais, bem como, acha-se interligado ao
sistema rodoviário nacional. A vila é um dos principais aglomerados urbanos de
Curionópolis, tanto que possui inclusive subdivisão em bairros, herança ainda,
do período áureo do garimpo; os bairros de Serra Pelada, são: Morumbi; Telepará;
Sereno; Centro; Açaizal; Lago. Os principais logradouros da vila são as
Avenidas Nova República e Sereno, formando o tronco logístico da localidade; os
estabelecimentos comerciais e administrativos concentram-se basicamente nestas
avenidas.
Objetivo
A
“Empresa Fúria”, tinha por objetivo principal, a extração de todo o ouro
possível em Serra Pelada, durante o período de 10 anos, de 1980 a 1990.
Produção
Durante
uma década de atividades do “projeto povo”, conseguiu extrair a produção
máxima de 56 toneladas de ouro, considerada
pela “empresa fúria”, como notável.
Equipamentos e substância
química
A
empresa fúria adquiriu várias pás e picaretas para realizar as escavações do
solo manualmente pelos mineiros e, o único produto químico utilizado que se
soubera, foi o Mercúrio (Hg), quantidades de estoques suficientes, que duraram
10 anos, durante as atividades do “projeto povo”.
Tabela 1: Calendário de execução
do “Projeto Povo”.
Itens |
Descrição da Etapa |
Data Inicial |
Data Final |
Finalizada em |
01 |
-Efetivou compras de
equipamentos e produto químico: pás, picaretas e mercúrio (Hg), quantidade
suficiente para atender a demanda de 10 anos. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
02 |
-Realizou contratações de
30.000 a 100.000 garimpeiros para trabalhar na extração de ouro em Serra
Pelada, em regime de substituição, durante toda a execução do “projeto povo. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
03 |
-Desterrou o morro da colina de
Serra Pelada com 100 m de altura. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
04 |
-Escavou o solo de Serra Pelada
até alcançar 200m de profundidade usando apenas de pás e picaretas,
transformando-a em uma cratera de 24 x 103 m2, que resultou em um lago
contaminado de (Hg). |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
05 |
-Extraiu o máximo de ouro
possível, aproximadamente 56 toneladas de ouro, no limiar de uma década. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
06 |
-Efetivou pagamentos aos
garimpeiros semanalmente pela CEF no local. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
07 |
-Realizou “venda de todo o ouro
extraído no local” à Caixa Econômica Federal (CEF) localizada na proximidade
do garimpo. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
08 |
Nota: O calendário de execução do “Projeto Povo” foi executado na
íntegra, do item 01 ao 07. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
|
Atenção! Itens abaixo não previstos no calendário de execução: |
|
|
|
09 |
-Construção
de acampamentos e alojamentos para abrigar os trabalhadores (garimpeiros) da
“Empresa Fúria”, munidos com sanitários e caixas sépticas para resíduos
sólidos orgânicos. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
10 |
-Obrigatoriedade
do uso de EPI (equipamento de proteção individual). |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
11 |
-Campanha
Interna de Prevenção e Acidente de Trabalho (CIPAT). |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
12 |
-Contratação
de serviço médico emergencial e compra de materiais de
primeiros socorros. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
13 |
-Indenização
por morte e/ou invalidez por acidente de trabalho (CLT). |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
14 |
-Destinação
de local específico para os resíduos sólidos de mercúrio (Hg). |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
15 |
-Prevenções de mitigações
contra os impactos ambientais. |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
Itens |
Calendário de execução do
"Projeto Povo" |
30-03-1980 |
30-03-1990 |
30-03-1990 |
Fonte:
Arquivo do autor – MICASISE
Para
escavação manual do solo, em cada uma das milhares de medidas de áreas de 2m x
2m e/ou 2m x 3m, serão necessários: 01 capitalista (“dono do barranco”-
investidor), 01 meia-praça (dava ordens e dizia quem iria escavar
onde), 01 apontador (anotava os dias de trabalho de todos e quantidades de
sacos de cascalhos levados pelo formiga), “x” formigas (cavava o solo
até encontrar rocha, depois, enxia um saco de 35 kg dessa terra cascalho, punha
nas costas e carregava 150m acima, subindo por escadas improvisadas, chamadas
de “adeus-mamãe” (avistada na Figura 4 acima); “Y” cavadores (era o empregado mais importante: orientado pelo
meia-praça, ele marretava a rocha com picaretas atrás de pepitas); “W” apuradores (lavava no rio o
material trazido pelo formiga, e nessa parte, escorria a
terra por uma calha forrada de mercúrio líquido, onde, a substância mercúrio
(Hg) se unia ao ouro, formando uma liga (amálgama). Fazia uso da bateia (uma
espécie de bandeja côncava de metal) que era usada para separar a liga (de Au +
Hg) da terra. Depois, utilizava uma chapa de metal que era esquentada no fogo
para fazer evaporar o mercúrio, pois, quando o mercúrio atingia 357º C, ele se
transformava em um gás escuro (pura contaminação), já o
ouro, nem chegava a derreter, pois, seu ponto de fusão é aos 1.064º C, depois
era só lavar o ouro, e etc.
FASE 2 - DESCRIÇÃO DO ENTORNO DO PROJETO
Solo: Em Serra Pelada, atual Curionópolis,
os solos do seu território apresentam variações em relação à sua litologia. Predominam
os solos Podzólico Vermelho-Amarelo, textura argilosa cascalhento; Litóficos
Distróficos, textura indiscriminada; Cambissolo Distrófico, textura
indiscriminada; Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura indiscriminada.
Ocorrem, ainda, solos Litólicos Distróficos, textura indiscriminada, e
afloramentos rochosos, em associações. O território curionopolense apresenta
formações rochosas de idade pré-cambriana,
caracterizadas pelas unidades litoestratigráficas de natureza
granito-gnaíssicamigmática, metassedimentar, com vulcanismo subordinado,
vulcano-sedimentar tipo greenstone belts e predominante sedimentar.
Relevo: O relevo é relativamente
movimentado, diversificado, com áreas serranas, colinosas, tabulares, baixos
terraços e várzeas, destacando-se nas primeiras as Serras do Sereno, Leste e do
Rabo, pertencentes ao Complexo da Serra
dos Carajás. Regionalmente, essas formas de relevo
estão inseridas em duas unidades morfoestruturais denominadas de Depressão
Periférica do Sul do Pará e de Planalto Dissecado do Sul do Pará. Com muitos
desníveis topográficos, oriundos do contraste entre as áreas baixas das várzeas e
dos terraços dos rios com áreas mais elevadas de colinas, a
variação altimétrica vai de 60 a 200 metros. O destaque é para a Serra do
Buriti, onde se encontra elevações da ordem de 750 metros.
Clima: O clima de Curionópolis insere-se
na categoria tropical
semi-úmido (Aw/As), da classificação
climática de Köppen-Geiger. Caracteriza-se por temperaturas anuais
de 26,3ºC, apresentando a média máxima em torno de 32,0ºC e mínima de 22,7ºC;
umidade relativa elevada, apresentando oscilações entre as estações mais
chuvosas e mais seca, que vão de 90% a 52%, sendo a média real de 78%; o
período chuvoso ocorre, notadamente, de novembro a maio, e o mais seco, de
junho a outubro, estando o índice pluviométrico anual em torno de 2.000 mm
anuais.
Superfície: O principal acidente
geográfico do distrito, a colina de Serra Pelada, foi totalmente decomposta
pelo processo de garimpo ali desenvolvido. Esta era uma extensão da Serra
dos Carajás uma extensa formação geológica rica
em recursos minerais. Os detritos da decomposição da Serra
Pelada formaram uma colina artificial ao lado de onde ficava a original, com
aproximadamente 100 metros de altitude. Há a suspeita que essa colina seja
rica em fragmentos de ouro de rejeito.
Água - Hidrografia: Serra Pelada está
inserida nas bacias hidrográficas dos rios Parauapebas e Vermelho, que
são microbacias do rio Itacaiúnas. Por
sua vez, o rio Itacaiúnas é uma sub-bacia do rio Tocantins. A
área específica está inserida no contexto das bacias hidrográficas dos rios
Sereno e Igarapé Grota Rica. Serra Pelada era uma colina, com aproximadamente
100 metros de altitude.
Flora: A vegetação de Curionópolis, antiga
Serra Pelada, está representada, principalmente, pela Floresta Equatorial Latifoliada, com
variações que favorecem o aparecimento dos subtipos: Floresta Densa Submontana
em relevo aplainado e em relevo acidentado e Floresta Aberta Latifoliada. Nas
áreas desmatadas, foram plantadas pastagens destinadas à atividade pecuária. Ao
longo das margens dos rios e igarapés, encontram-se pequenas faixas de Floresta
de Galeria. As poucas áreas ainda preservadas do
município estão ameaçadas e sob forte pressão da mineração industrial,
pois encontram-se nas proximidades dos projetos Serra Leste e Cristalino,
havendo maior concentração nas Serras do Buriti e da Estrela. Fauna: A fauna da
floresta nacional de Carajás, inclui a de Curionópolis e
Serra Pelada, constituída por:
Anfíbios (sapos, rãs, pererecas em
gerais);
Répteis e quelônios (cobras em gerais,
lagartos, jacarés, jabutis, perema, cágado, etc);
Aves (beija-flores, bem-te-vis, pombas do
ar, japiins, periquitos, gaviões, tucanos, araras vermelhas e azuis, papagaios,
corujas, pica-pau, etc.);
Mamíferos
pequenos (roedores,
ratos, morcegos, etc;
Mamíferos médios e grandes (macacos prego,
chuím, da noite, etc. Onças pintadas e outras espécies, antas, preguiça,
tamanduá mirim e bandeira, paca, veado, lobo, coelho, tatu etc.)
Subdivisões: O município de Curionópolis
está oficialmente subdividido em dois distritos,
sendo o maior e mais populoso a sede, que corresponde principalmente à cidade
de Curionópolis. O outro distrito recebe o nome de Serra Pelada,
correspondendo principalmente à vila homônima. Além dessas povoações, a
municipalidade ainda se compõe de oito aglomerados populacionais, sendo eles as
de PA Alto Bonito, Vila Rica (Vila dos Maranhenses), Vila dos Pretos, Vila
Curral Preto, Acampamento União do Axixá, Vila Gurita da Serra (Km 16), Vila
Cutianópolis e Acampamento Frei Henri des Roziers. A sede está subdividida nos
seguinte bairros: Alto da Glória, Bairro da Paz, Bandeirantes, Centro,
COOFAPAC, Jardim Panorama, Miguel Chamon (Chamonlândia), Planalto, Serra Leste
e Setor 31 da localidade é do tipo tropical
com estação seca de inverno, com as temperaturas médias entre 23,5°C
e 26,4°C. O vento, localmente, apresenta direção principal vindo de oeste com
velocidade entre 0,5 e 3,0m/s, intensidades estas sentidas como brisas leves ou
fracas. Os meses entre junho e setembro são períodos de seca com altas de
temperaturas e índices baixos de precipitação.
Economia: No passado a vida econômica do
distrito era pautada principalmente na atividade garimpeira de Serra Pelada,
subsistindo outras atividades secundárias, tais como o comércio do ouro, venda
de equipamentos de mineração e venda de alimentos. Essa atividade de garimpo
ainda existe, mas nem de longe representa a importância que uma vez teve no
passado. Após a derrocada do ouro, o Estado brasileiro, através da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-PA) e da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
além de iniciativas de empresas privadas, tentaram introduzir uma nova dinâmica
econômica, tendo angariado certo sucesso. Nesse sentido a produção de abacate e
de cajá despontou
na região, permitindo a inclusão de muitas famílias, antes desempregadas, em
uma nova cadeia produtiva. Houve também o incentivo à apicultura, que
se juntou a já existente produção de mel dos municípios vizinhos. Na mesma
direção, na região há também a criação de bovinos para
leite e corte, que supre as
necessidades do município e do estado do Pará. A cadeia também produz derivados
do leite, sendo que alguns produtos são tradição culinária. A região também
conserva empreendimentos de mineração em escala industrial - como é o caso da
Mineração Serra Leste -, que gera, principalmente, empregos aos residentes no
distrito. A renda dessa massa de assalariados é muito importante para o
comércio local, que vende alimentos secos e molhados, bem como roupas e
confecções, artigos domésticos, eletrônicos, etc.
Aspecto socioeconômico: Serra Pelada
registra índices de pobreza muito altos, sendo um dos locais com maior
desigualdade econômica e com menor desenvolvimento
humano do Brasil. Impactos ambientais resultante
da extração de ouro em Serra Pelada: Cabe destacar que a vila sofre com altos
índices de contaminação de mercúrio e outros metais pesados, resquícios do
garimpo artesanal. O consumo de peixes e
vegetais irrigados com a água dos depósitos de rejeitos de mineração é ou (era)
a principal fonte dessa contaminação.
Educação: Em 2017 o distrito registrava
uma carência muito grande de estabelecimentos de ensino pois, mesmo os já
existentes, sofriam com questões de infraestrutura, como falta de bibliotecas,
laboratórios, quadras, etc. Em outro aspecto há uma enorme falta de pessoal
qualificado para servir como professores ou mesmo técnicos de ensino. Até 2017
a educação
básica e fundamental possuía
boa quantidade de vagas, porém, a nível médio, há
oferta reduzida e grande evasão de alunos. Não havia oferta de ensino técnico ou superior.
Saúde e morbidade: Até 2017 a Serra Pelada
possuía uma única unidade de saúde, a UBS Santa
Casa da Misericórdia (anteriormente era um hospital). Entretanto, dado a
quantidade de pessoas e a gravidade dos casos, a UBS não tinha capacidade de
atendimento às morbidades ali registradas, que iam desde à leishmaniose, até alta
incidência de hanseníase e DST's.
Havia também o problema da falta de profissionais médicos.
Comunicações: Os sistemas de comunicação
da vila são ou (era) fornecidos principalmente pela empresa de
telecomunicações Oi, com
telefonia fixa e móvel.
Cultura popular: O distrito e sua história
são frequentemente retratados na televisão, no cinema e na música; exemplo
disso foi o filme Os
Trapalhões na Serra Pelada, gravado ainda em 1982, pelo grupo de
humoristas Os Trapalhões.
Outro caso foi o filme Serra
Pelada, de 2013.
Fonte: Wikipedia e, ICMBIO (s.d.).
FASE 3
- IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS
As
matrizes de interações são técnicas bidimensionais que relacionam ações com
fatores ambientais, embora possam incorporar parâmetros de avaliação, são
métodos basicamente de identificação. Elas podem ser simples ou complexas,
dependendo da quantidade de informações com que se trabalha. O princípio básico
da Matriz de Leopold consiste em, primeiramente, assinalar todas as possíveis
interações entre as ações e os fatores, para em seguida estabelecer, em uma
escala que varia de 1 a 10, a magnitude e a importância de cada impacto,
identificando se o mesmo é positivo ou negativo. Enquanto a valoração da
magnitude é relativamente objetiva ou empírica, pois refere-se ao grau de
alteração provocado pela ação sobre o fato ambiental, a pontuação da
importância é subjetiva ou normativa uma vez que envolve atribuição de peso
relativo ao fator afetado no âmbito do projeto (IBAMA, 2001). A interação entre
os fatores dos eixos opostos permite estabelecer o impacto.
A
Matriz de Leopold adaptada, foi montada, com base nas informações obtidas nas
fases 1 e 2, relativa as descrições da visão geral do projeto e de seu entorno,
tendo por objetivo avaliar os impactos ambientais através do cruzamento das
informações entre linhas (i) e colunas (j) organizadas na matriz causa-efeito,
identificando-se através dos valores arábicos (de 1 a 10 para designar os
valores da magnitude dos impactos ambientais e sua importância, sendo de 1 a 3 pouco
importante, 4 a 6 médio importante e de 7 a 10 muito importante), e da letra (x),
a interação entre as ações do projeto e os fatores ambientais mais importantes.
(Tabela 2).
Tabela 2: Avaliação dos impactos ambientais provocados pelas atividades do “Projeto Povo” na lavra garimpeira da extração do ouro em Serra Pelada-Pará-Brasil. (1982 a 1990).
Fonte:
Arquivo do autor - MICASISE
Para
a descrição e avaliação dos impactos ambientais, tomou-se como base, as ações
que causaram alterações no meio. Com essa estratégia, foram enfatizadas somente
as ações potencialmente geradoras de danos graves ao ecossistema em causa, e
assim poder ter maior controle das atividades impactantes, a fim de propor
medidas mitigadoras.
FASE
4 - ESTABELECIMENTO DE MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS
Propostas
de medidas de prevenção e correção para minimização dos impactos negativos dos
itens abaixo, indicados na Matriz de Leopold.
MEIO
FÍSICO:
1. Solo - Quanto ao solo no local do garimpo de Serra Pelada, o processo das atividades do “projeto povo”, resultaram em irreversível, com impactos perduráveis ao longo do tempo.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1-
Construir uma barragem de proteção e isolamento com concreto ao redor do lago
contaminado, impedindo-se que ocorra transbordo do material existente
contaminado por mercúrio (Hg) e cause acidentes ambientais de maiores impactos,
ainda. 2- Estudar meios químicos e físicos de isolar o mercúrio local e
realizar a sucção de toda a água contaminada da lagoa e, concretar acima do
nível do solo toda a extensão do lago. 3- Proibir definitivamente, qualquer
ação de garimpo na área isolada, por meio de força de legislação ambiental
federal e decretar o espaço como área de preservação ambiental federal.
2. Ar - O ar foi contaminado por uma década pela volatização de mercúrio (Hg) causada pelas ações do “projeto povo” quando adotado pelos garimpeiros o uso de um tipo de cadinho para derreter o minério, e maçarico, para separação do ouro do mercúrio, contaminando o ar.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1-
Reflorestar as áreas livres com árvores nativas e frutíferas de pequeno, médio
e grandes portes, objetivando maiores filtragens dos gases impuros que ainda
possam estar circulando nas adjacências, objetivando a purificação e qualidade
do ar do meio ambiente local.
3. Água - hidrografia – As atividades e ações do “projeto povo”, produziram ao longo de 10 anos, toneladas de resíduos de mercúrio que foram lançados diretamente nos rios, contaminando de forma geral a água, principalmente quando atingiu os lençóis freáticos, provocando inundação do garimpo e transformando em um lago totalmente contaminado por mercúrio. Não bastasse isso, temos a chuva abundante na região que tem causado aumento do volume de água da lagoa, podendo a qualquer instante ocorrer erosão e provocar transbordagens do material contaminado por mercúrio ativo, onde causaria maiores danos e impactos ambientais.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1-
Construir várias Estações de Tratamentos de Água (ETA),
com entrada (contaminada) e saída (purificada), utilizando-se de processos de
decantação e purificação de toda a água que circulassem pelas ETAs, as
liberando de volta aos rios, tratadas, impedindo-se dessa maneira que acúmulos
de substâncias tóxicas de mercúrio adentrem nos organismos vivos de peixes e
demais meios que possam ser atingidos, direto e/ou indiretamente. 2- Proibir às
pessoas, o consumo de peixes e de água contaminadas por mercúrio, evitando-se
consequências mais desastrosas a saúde.
4. Relevo - Será preciso haver constante vigilância ambiental e evitar invasões e ocorrências de garimpagens clandestinas.
Proposta de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1- Investir em equipamentos
avançados de segurança, vigilância e proteção ambiental na Amazônia através de
sistemas de radares eletrônicos e por satélites. 2- Obrigar licenciamento e uso
racional e responsável por empresas extratoras das riquezas minerais da região.
3- Desenvolver ações e realizar programas e projetos de mitigações dos impactos
ambientais, e de recuperação dos meios degradados, impedindo-se que ocorram
futuros novos impactos de natureza irreversível.
MEIO
BIOLÓGICO:
1- Flora – Os seres vivos vegetais absorvem através de suas raízes a água necessária para o seu crescimento e desenvolvimento natural. Também realizam o processo de fotossínteses transformando diurnamente o gás carbônico em oxigênio e na ordem inversa, noturnamente. Além de transformar a seiva bruta em elaborada, servindo também de alimentos e abrigos a diversas espécies de seres vivos etc. Ao absorverem água contaminada por mercúrio, esta adentrará em sua natureza fitológica alterando a genética, passando a contaminar diretamente e indiretamente àqueles que se alimentarem de seus frutos etc.
Proposta de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1- Construir as várias
Estações de Tratamentos de Água (ETA), indicadas no item 3.
MEIO
FÍSICO:
2- Fauna – Essa grande diversidade, são atingidas e intoxicadas facilmente e em grande proporção, em decorrência da inalação e absorção, considerando que, alimentam-se dos frutos das árvores e bebem da água dos rios contaminados por mercúrio, ocorrendo várias anomalias e doenças não perceptíveis, porém causadores de danos à saúde desses animais, e de quem os consome.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
Realizar
isolamento da área com remoção de todas as espécies para uma outra área de preservação
ambiental nacional, distante da área contaminada, objetivando salvaguardar a
integridade física. Ao solucionar 100%, deve-se retornar os animais à sua área
ambiental de origem, seu habitat.
SÓCIOECONÔMICO:
1- População - Com as atividades do garimpo Serra Pelada de 1980 a 1990 e as ocorrências de migrações, a população ficou miscigenada e desregionalizada, onde houve atrações de pessoas de vários estados brasileiros: Maranhão, Piauí, São Paulo, Belo horizonte, Ceará, Minas Gerais, etc., passando a conviver na localidade, porém, continuando com suas ações de garimpagens e hábitos diferentes na região local.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1-
Geração de empregos e rendas às pessoas e famílias da localidade por parte das empresas
mineradoras da região, e pelos órgãos do governo federal, estadual e municipal,
incluindo essas famílias nos programas de apoio do governo federal.
2-
Economia – No auge de Serra pelada, o ouro do garimpo provia e desenvolvia a
economia que estava “inchada” na época. Com o desaparecimento das riquezas
minerais pelas ações do “projeto povo”, hoje a economia da localidade está
desativada.
Proposta de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
Haver apoio e ações por parte
do governo federal, estadual e municipal, através dos programas e projetos das
empresas estatais, apoiada também pelas empresas mineradoras da região tal qual
CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) que gerarão e ofertarão novas vagas de
empregos e rendas a grande parte dessa população local, contribuindo com o
desenvolvimento social e economia local.
3-
Saúde – Quanto a saúde, existe a desestrutura e precariedade no atendimento,
carências de unidades básicas da saúde e da família, inexistência de hospital
etc.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
Haver
apoio do governo federal, estadual e municipal, e empresas mineradoras que se
beneficiam dos minérios dessa região, realizando investimentos pesados na área
da saúde, pondo em prática execuções de projetos de construções de postos de
saúdes e hospitais munidos com equipamentos e utensílios hospitalares e
farmácias públicas, contendo um quadro completo de pessoal da área da saúde.
MEIO
QUÍMICO CONTAMINANTE:
1- Mercúrio (Hg) – A contaminação de mercúrio ocorrida pelas ações do “projeto povo” em Serra Pelada, foi de grande proporção, onde, o minério de ouro era garimpado e purificado no próprio local. O garimpeiro, dotado de um tipo de cadinho para derreter o minério, e maçarico, misturava o mercúrio ao minério. O mercúrio reage com o ouro para formar amálgama, e o ouro pode, por aquecimento, ser facilmente separado devido ao baixo ponto de ebulição do mercúrio, que volatilizava totalmente. Neste processo ocorrem três tipos de contaminação/intoxicação por mercúrio: por inalação (intoxicação por via respiratória), por manuseio sem equipamento de proteção (intoxicação por via cutânea) e contaminação ambiental, pois o mercúrio é volatilizado e restos são descartados no meio ambiente, com potencial para causar sérios danos ambientais e à saúde.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1-
Proibir por força de legislação, a venda de mercúrio às pessoas comuns,
permitindo apenas às empresas legalizadas e com fins e propósitos louváveis,
contendo termos de responsabilidades de não contaminação do meio ambiente e nem
causar danos e impactos ambientais, penalizando-se os infratores e, proibir
definitivamente, o uso de mercúrio nas garimpagens e lançamentos dos resíduos
de mercúrio nos rios, etc.
PERCEPTUAL
Cultura popular – A cultura local de Serra pelada, ficou muito conhecida mundialmente através de vídeos e filmes sobre a extração de ouro em Serra Pelada o maior garimpo a céu aberto do mundo, os trapalhões na Serra pelada etc.
Proposta
de mitigação e medidas preventivas e corretivas:
1-
A melhor forma de mudar essa visão histórica cultural local, seria por meios
das realizações de projetos que viessem a beneficiar o meio ambiente e a
minimizar os impactos ambientais ocorridos e ocorrentes, impedindo-se que esses
tipos de atividades de garimpagem, tal qual as ações realizadas pela “Empresa
Fúria” e seu “Projeto Povo” - Extração de Ouro em Serra Pelada, tornassem a
acontecer, criando uma “cultura perversa”.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
[1]
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. (s.d.). Resolução
CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre Licenciamento Ambiental.
Recuperado de
https://www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/CONAMA%20237_191297.pdf
[2]
ICMBIO. (s.d.). Fauna da Floresta Nacional de Carajás-ESTUDOS SOBRE VERTEBRADOS
TERRESTRES. Recuperado de https://www.icmbio.gov.br/portal/images/Carajas.pdf
[3]
HIPERCUTLURA. (s.d.). Serra Pelada: história e fotos do maior garimpo a céu
aberto do mundo. Recuperado de: https://www.hipercultura.com/serra-pelada-historia-e-fotos/
[4]
MEIO AMBIENTE. IBAMA. (s.d.). METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL 37.
Recuperado de https://guilhardes.files.wordpress.com/2009/10/aia.pdf p.15
[6] Wikipedia. (s.d.). Curionópolis. Recuperado de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Curion%C3%B3polis
[7]
Wikipédia. (s.d.). Serra Pelada. Recuperado de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_Pelada
AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL
PROGNÓSTICO
CASO
PRÁTICO
FASE 1 - DESCRIÇÃO DO PROJETO
PREÂMBULO
O
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ-MPPA,
Atendendo à solicitação do Coordenador do NUMA – Núcleo de Meio Ambiente, Dr. Raimundo Moraes, foi efetuada a análise do Estudo de Impacto ambiental – EIA do Empreendimento Projeto Serra Pelada, de responsabilidade da Empresa SERRA PELADA – COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO MINERAL (SPCDM). AUGUSTO, Ana Lúcia Creão. (2010).
Nome
do Projeto: Análise e Relatório do Estudo de Impacto Ambiental EIA/RIMA do
empreendimento Projeto Serra Pelada, de responsabilidade da Empresa - Serra
Pelada - Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM).
Nota do Projeto: O Projeto será realizado em consonância com a RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de 1997, Art. 3º e § único desta resolução, que trata do (EIA/RIMA) e, com base nos resultados se aplicará o Art. 8º e seus incisos I, II e § único, que tratará sobre: (Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e, Licença de Operação (LO)). RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237/1997 (s.d.).
Localização: O Projeto será implementado no Município de Curionópolis, Província Mineral de Carajás, Estado do Pará.
Promotor
do projeto: A Empresa Serra Pelada - Companhia de
Desenvolvimento Mineral (SPCDM), com sede à avenida Getúlio Vargas, 1.420,
sala 1.3030, Funcionários, CE 30.112-021, cidade de Belo Horizonte, Estado de
Minas Gerais, e Cooperativa de Mineração de Garimpeiros de Serra Pelada -
COOMIGASP, pessoa jurídica de direito privado, com sede à Rua do comércio, 129,
Serra Pelada, Curionópolis, Província Mineral de Carajás, Estado
do Pará. Sua localização, dista, em linha reta, cerca de 530 km da cidade
de Belém e está interligado ao sistema rodoviário nacional, através
da PA-275 (estrada que une Serra Norte a PA-150) (ver Figura
1), funciona desde 2009. É resultante da parceria de uma Sociedade anônima de
caráter fechado, conforme publicação no Diário oficial da União de 14/09/2009,
tendo como objeto social a lavra garimpeira, e pretende a extração do
rejeito de ouro existente em Serra Pelada.
Entidade Executora: A Geomma – Geologia e meio Ambiente Ltda. Foi contratada pela Colossus Geologia e Participações Ltda., representando a parceria Coomigasp/Colossus Minerais inc., tendo como objetivo realizar o Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), na extração do rejeito de ouro existente em Serra Pelada sobre o meio ambiente, no Distrito de Serra Pelada, Município de Curionópolis, Estado do Pará. O Projeto em estudo será implantado na bacia do Rio Sereno, Município de Curionópolis, com uma reserva total de minério de 4 milhões de tonelada com teor de 8,20 g/t de ouro; 1,70 g/t de platina e 2,65 de paládio, a ser explorado em lavra subterrânea por um período de oito (8) anos.
Produção: A produção total será de 33 toneladas de ouro, 6,8 toneladas de platina e 10,6 toneladas de paládio.
Figura 01: Localização do Projeto Serra Pelada.
O Projeto Serra pelada está constituído
pelas seguintes estruturas conforme o Plano Diretor do Mapa (ver Figura 2).
Dados do Calendário de Execução, (ver Tabela 1):
- Rampa principal de acesso;
- Sistema de ventilação;
- Usina de beneficiamento;
-
Barragens de rejeitos;
-
Barragens de água nova;
- Sistema de
ar comprimido; e
- Sistema de
drenagem da mina etc.
Figura 2: Plano Diretor do Mapa - Projeto
Serra Pelada.
Fonte: MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ (MPPA). Nota Técnica Projeto Serra Pelada. AUGUSTO,
Ana Lúcia Creão. (2010).
Itens |
Descrição das Etapas |
Ano: 2020 |
||
Julho |
Agosto |
Setembro |
||
I |
Realizar aberturas de 1.618 m de rampa e dois
poços de ventilação com 172 m e 192 m de profundidade cada. |
x |
|
|
II |
Montar o circuito de ventilação com dois
ventiladores axiais, um para exaurir o ar viciado da rampa e o outro para
insuflar o ar puro na frente, ambos com dutos flexíveis de vinilona com
diâmetro de 700 mm, tubulações superpostas no teto da rampa. |
x |
|
|
III |
Montar usina de processamento de minério de
ouro próxima à saída da rampa da mina subterrânea, para minimizar transporte
de minério e facilitar o gerenciamento das operações de: preparação do
minério; concentração hidrocentrífuga; cianetação intensiva e refino
metalúrgico. |
|
x |
x |
IV |
Montar a barragem de rejeitos que bombeará para a planta
de pasteffil, constituída de um espessador de pasta e sistemas de
adição de cimento e de estéreis sólidos e estação de bombeamento. |
|
x |
x |
V |
Montar a barragem de água nova, para
complementar suprimento da usina de beneficiamento de água potável através de
uma ETA, que atenderá a usina de processo, a mina, os escritórios e as demais
áreas. |
|
x |
x |
VI |
Instalar na superfície o
sistema de ar comprimido fornecido por um compressor estacionário instalado,
para realizar abertura da rampa e
carregamento pneumático dos furos com explosivo granulados,
cravilhamentos, perfurações secundárias e etc. (a perfuração da frente será
feita com jumbo eletro-hidráulico). |
x |
x |
|
VII |
Instalar o sistema de
drenagem da mina que consistirá da combinação de canaletas e caixa de
coleta, por onde escoará a água proveniente das frentes de trabalho ou de
infiltrações até as caixas receptoras, instaladas em locais definidos para as
estações de bombas. |
|
x |
x |
Necessidades
de Mão de obra: Em sintonias com as demandas sociais, o projeto em suas fases
de implantação, buscará priorizar a contratação de mão-de-obra não
especializada e especializada, preferencialmente no Município de Curionópolis e
na região de influência do empreendimento.
Equipamentos
e materiais: Máquinas pesadas, Jumbo eletro-hidráulico, geradores elétricos, tubulações,
ventiladores, bombas de ar comprimido e de sucção de água, etc.
FASE
2 - DESCRIÇÃO DO ENTORNO DO PROJETO
Na
execução deste projeto os fatores ambientais suscetíveis a serem afetados pelas
diferentes etapas e ações do projeto são:
SUBSISTEMA FISICO NATURAL
Meio físico:
Meio inerte
Fatores Ambientais
- Solo.
- Ar
– Água
Meio biológico:
Meio biótico
Fatores Ambientais.
- Fauna
- Flora
Socioeconômico:
Meio
preceptivo.
Fatores
Ambientais.
a)
- Paisagem intrínseca
b)
- Componentes singular da paisagem.
FASE
3 - IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS
Segundo
Potrich (2007, p.166), o uso da Matriz de Leopold “permite uma rápida
identificação, ainda que preliminar, dos problemas ambientais envolvidos em
determinado processo, também permite identificar para cada atividade, os
efeitos potenciais sobre as variáveis ambientais.” Sendo uma das ferramentas
mais utilizadas na elaboração de EIA/RIMA no Brasil, ela permite avaliar
impactos associados a quase todos os tipos de projetos. Andre
Luiz Emmel Silva e Jorge Andre Ribas Moraes (2012).
Verificaremos
na Tabela 2, os fatores ambientais suscetíveis a serem afetados pelas
diferentes etapas e ações do projeto.
Tabela 2: Avaliação do impacto ambiental analisado pela EIA/RIMA relativo ao Projeto Serra Pelada
Fonte: Arquivos do
autor - MICASISE
FASE 4
- ESTABELECIMENTO DE MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS
Tabela 3: Avaliação dos
impactos ambientais provocados pelas atividades do “Projeto Povo” na lavra
garimpeira da extração do ouro em Serra Pelada-Pará-Brasil. (1982 a 1990).
Fonte:
Arquivo do autor - MICASISE
MEDIDAS
PREVENTIVAS E CORRETIVAS
MEIO
FÍSICO
Sobre
o Solo:
Proteção
de encostas e superfícies com taludes que impeçam perda de material por erosão.
Localização
de estabelecimentos adequados para sua utilização como aterros.
Revolvimento
de terrenos compactados.
Sobre a atmosfera:
Controle
de emissão de ruídos e instalação de barreiras para isolamento acústico.
Medidas
de controle de poluição atmosférica uso de filtros nos compressores
estacionários e jumbo elétrico-hidráulico.
Montagem
de sistemas controladores dos níveis de decibéis permitível e instalação de
filtros nos equipamentos.
Sobre as Águas:
Projeto
de construção de margens e ribeiras.
Projeto
de construção de sistema de drenagem adequados.
Projeto
da usina de processamento de ouro, com máxima segurança composta de processo de
restauração da lixiviação e acúmulo de elementos químicos letais (cianeto),
degradantes e demais contaminantes dos meios.
Projeto
e contrução de ETRQ (estação de tratamento de rejeitos químicos) e ETA (estação
de tratamento de água), para drenagem e purificação final adequada.
MEIO BIOLÓGICO
Sobre
a Fauna:
SÓCIOECONÔMICO
Sobre a População:
Informação
ao órgão público local, via ofício, sobre os horários e dias que ocorrerão as
explosões, que se encarregará de informar a população local, sobre a emanação
de ruídos.
PERCEPTUAL
Sobre
a Paisagem natural:
Projeto
de reflorestamento visando recuperar o paisagismo natural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Silva, Andre Luiz Emmel e Moraes, Jorge Andre Ribas. (2012).
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e
Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento
Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. PROPOSTA DE UMA MATRIZ PARA
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM UMA INDÚSTRIA PLÁSTICA. http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2012_tn_stp_165_962_19580.pdf
2- Augusto, Ana Lúcia Creão. (2010).
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ (MPPA). Nota Técnica Projeto Serra
Pelada. https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/Nota%20Tecnica%20Projeto%20Serra%20Pelada.pdf
3-
Caheté, Frederico Luiz Silva. (1995). A extração do
ouro na Amazônia e suas implicações para o meio ambiente. Novos Cadernos NAEA,
Belém, v. 1, n. 2, 1998. D <http://www.periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/view/14/13>
4-
Caheté, Frederico Luiz Silva. (1995). A extração do ouro na Amazônia e suas
implicações para o meio ambiente. http://www.repositorio.ufpa.br:8080/jspui/bitstream/2011/3087/1/Artigo_ExtracaoOuroAmazonia.pdf
5-
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA (s.d.). Resolução CONAMA 237, de 19
de dezembro de 1997. Dispõe sobre Licenciamento Ambiental. https://www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/CONAMA%20237_191297.pdf
6-
Reis, Débora Walter. (2011). Análise da dinâmica processual dos estudos de
impacto ambiental na mineração e outros pareceres técnicos no estado de Minas
gerais. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto – Minas
Gerais. https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/2368/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_An%C3%A1liseDin%C3%A2micaProcessual.pdf
Autor: Miguel
Cassiano da Silva Serrão